12 de jan. de 2010

AS ESTRELAS DO CAMINHO - Declaração de Intenções



A Ibéria sempre foi um viveiro de estrelas.

O itinerário mágico que a atravessa denomina-se, muito apropriadamente, de "Caminho das Estrelas", nome que referencia a Via Láctea, que lhe serve de tecto, mas que também pode assinalar os seus reflexos ou projecções na Terra.

Pode dizer-se que os Mistérios Sagrados das várias Tradições mundiais foram criados como reflexos de Estrelas e que o Conhecimento que leva à sua identificação e vivência plena é a Gnose.

Nos tempos que correm, a projecção da Sabedoria das Estrelas na Terra é cada vez mais rara, mas nem sempre foi assim. No que respeita à Ibéria, decorria o séc.IV quando uma delas iluminou intensamente o território da Galiza, manifestando-se no gnóstico Prisciliano. No entanto, ao tentar restaurar os valores e a pureza do Cristianismo primitivo, Prisciliano acabou decapitado por aqueles que não puderam suportar o seu brilho.

Algo semelhante se passou com o próprio Caminho das Estrelas, depois conhecido como Caminho de Santiago.

Em tempos imemoriais, que se embrenham em reminiscências atlantes, esse Caminho havia já sido implantado pela Gnose. Ora quando o mesmo poder que eliminou Prisciliano se apropriou do Caminho, logo o tentou atingir mortalmente, acabando por descaracterizá-lo e adaptá-lo aos seus interesses. A essência gnóstica continuou, no entanto, bem viva, ainda que, agora, flua, somente, pelo leito subterrâneo ou oculto do Caminho.

Um processo que lembra, afinal, o ocorrido com os primeiros cristãos...

Foi ainda a mesma projecção celeste, manifestada como Sabedoria Divina ou Gnose que, para além da Galiza, fez brotar a respectiva Tradição Mágica em muitas outras regiões misteriosas da Ibéria.

Em Portugal, e no seguimento dos fundadores da nação e dos reis de Avis, figuras igualmente estelares como Luis de Camões, o Bandarra e o Padre António Vieira mantiveram acesa a chama mágica da Lusitânia, com maior ou menor visibilidade, conforme as épocas.

A Península Ibérica, no dizer do próprio Camões, é a "Cabeça da Europa".

Tal designação concorda com outras Tradições antigas que se referem à Europa como senhora de um corpo geográfico-simbólico, em que a cabeça é figurada pela Península Ibérica. Essa é também uma forma de indicar que ali se encontra um ponto elevado de Consciência, no sentido metafísico daquela Sabedoria reflectida pela Gnose.

A Gnose é, pois, o pilar que sustenta a Tradição Lusíada do Quinto Império, ou o surgimento de um novo período mundial baseado nos valores do Espírito, onde será erradicado o "mal" como ignorância, assim como o egoísmo, a intolerância e a prepotência, que assentam e proliferam nas actuais culturas do medo.

Esta suposta utopia foi apoiada e desenvolvida nos tempos modernos por Poetas como Fernando Pessoa - que, inclusive, se assumiu como o derradeiro Aviso daqueles tempos vindouros -, e Filósofos como Agostinho da Silva, que alargou e estendeu a Península Ibérica ao Portugal do outro lado do mar, que é o Brasil.

Dessa simbiose ibero-americana resultou um novo "sangue", que pode agora subir à "Cabeça"...

Actualmente, há cada vez mais pessoas no mundo inteiro que se mostram sensíveis às ondas emitidas pela "Cabeça da Europa". Acreditando, lúcidamente, que é possível o sonho da mudança, desde logo trabalham por ela, começando por se transformarem a si mesmas e ao seu mundo individual. E o resto virá por acréscimo.

O objectivo deste blogue é tornar-se numa janela, propositadamente aberta para fazer correntes de ar, em oposição ao estado actual de "ar condicionado", num mundo em que tudo o mais também o é... Deste modo, por aqui circularão os ares de mudança que sopram na Ibéria e que poderão ajudar a destapar a Luz que se desprende desta Terra Sagrada, incitando à descoberta dos seus Mistérios e ao percorrer dos seus Caminhos Mágicos.

Explicita-se, assim, a Declaração de Intenções deste "blogue - janela", que não pretende mais do que manter-se aberta e alinhada com a "gnosibérica" de sempre.

Contribuindo, à sua maneira, para que a Ibéria volte a ser um campo de estrelas.